Mexendo e remexendo lá no fundo, bem lá no fundo do Baú do Edu, procurando coisas legais para colocar aqui para vocês, encontrei um tesouro de valor absolutamente inestimável! Pelo menos para mim! São pastas e mais pastas onde, nos anos 70, eu, um jovem beatlemaníaco alucinado, colecionava tudo que se relacionasse aos meus ídolos. Desde de anúncios classificados, a matérias publicadas na Veja, Life, O Cruzeiro, Seleções, Som Três, Pop, etc, etc, etc... Todas essas matérias (pelo menos as mais significativas) vou colocar aos poucos aqui no nosso blog preferido sempre com o selo “TESOUROS DO FUNDO DO BAÚ”.
Para começar, escolhi aleatoriamente essa da revista Veja sobre o "Album Branco” publicada em 27/11/1969. Os Beatles ainda nem tinham se separado! Num tempo em que o crítico nem assinava a matéria, ele acaba com os Beatles, com Lennon e se mostra com total falta de informação e respeito. É curioso rever todas essas coisas e constatar que é sempre necessário lembrar que os discos que chegavam aqui, vinham com mais de dois anos de atraso. Espero que gostem do tanto que gostei e fiquei feliz em reencontrar meu velho tesouro que não via talvez, há mais de 30 anos. Valeu! Abração!
OS BEATLES NUS – REVISTA VEJA 27/11/1969
Gostam mesmo é de rock, estão cada vez mais ricos, lançam um novo disco de canções suaves
John Lennon não tem medo de fumar maconha, nem de aparecer pelado junto da mulher na capa de seu novo disco, “As Duas Virgens”. Mas tem medo de que o novo album dos Beatles, um volume duplo, com 27 músicas, lançado semana passada em Londres, seja comparado – para pior – com o anterior “Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Este foi saudado como uma revolução de sons e inéditas harmonias, e o novo é feito na base de canções românticas, despretenciosas e nostálgicas. “O que fizemos nesse disco ultrapassa o anterior”, adverte Lennon, e cita os títulos das canções do novo álbum como prova de que os Beatles não pararam: “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, “Glass Onion” (Cebola de Vidro), “Everybody’s Got Something To Hide Except Me and My Monkey” (Todo mundo tem alguma coisa para esconder, menos eu e meu macaco), “Hapiness is a Warm Gun” (A felicidade é uma arma quente) ou “Why Don’t we do it in the Road” (Por que não fazemos isso na rua?). E mais: os Beatles ouvem sem parar canções de dez anos atrás e Lennon sustenta, modestamente, que “isso nós ainda não conseguimos fazer”. O novo álbum – sem título – é o primeiro dos Beatles desde “Sergeant Pepper’s” (lançado em agosto do ano passado), e nesse meio tempo o conjunto foi notado só pelos compactos e por alguns incidentes extramusicais: a prisão de Lennon e Yoko, há três meses, por fumarem maconha, a foto dos dois na capa de “As Duas Virgens” (com os críticos referindo-se mais à nudez externa do que ao disco dentro do envelope) e o fracasso do filme que fizeram para a TV inglesa, “Magical Mystery Tour”. O trabalho de agora é quase todo inspirado pela meditação que os Beatles fizeram ano passado na Índia. Há uma canção de Paul McCartney para seu cahorro e uma letra de Lennon (“Julia”) dedicada à sua mãe. Lennon diz por que foi quase tudo composto para guitarra: “Eu não conheço os acordes e por isso é mais fácil escrever para um instrumento de poucas notas”. Ele faz a autocrítica do conjunto: “Nós queríamos fazer antigamente o que fazemos hoje, mas não tínhamos experiência. Ficávamos com medo de certos acordes por que achávamos que eram comuns. Por isso a volta às origens, em “Revolution”, foi uma libertação”. E, na hora de fazer as letras, Lennon ficava engasgado “naquele di, du, di, du, dôo, da guitarra”.
Que fazer diante de tantos problemas? Lennon se explica: “Todo mundo diz que devemos fazer isso ou aquilo, mas o nosso negócio mesmo é o rock”. Ao cineasta Jean-Luc Godard (“A Chinesa”), que rodou há pouco um filme com os Rolling Stones e que acusou os Beatles de “ficarem quietos, sem denunciar a estrutura social”, Lennon respondeu com certa irritação que os Beatles já fizeram muito, inclusive uma exposição de esculturas com caixas de esmolas, envoltas em balões com a legenda “Você está aqui”. Ele, Lennon, também tem feito muito ultimamente. Adora a nova mulher e diz que sofre grande influência dela: “Nós produzimos idéias um para cima do outro, que nem o Flint”. O destino dos Beatles é ressucitar o rock? Lennon responde com voz pausada e ritmada: “Durante anos não fomos nós mesmos. Agora somos. Temos boas intenções. Somos boas pessoas. Nosso trabalho deve mostrar essa bondade. Amém.”
Para começar, escolhi aleatoriamente essa da revista Veja sobre o "Album Branco” publicada em 27/11/1969. Os Beatles ainda nem tinham se separado! Num tempo em que o crítico nem assinava a matéria, ele acaba com os Beatles, com Lennon e se mostra com total falta de informação e respeito. É curioso rever todas essas coisas e constatar que é sempre necessário lembrar que os discos que chegavam aqui, vinham com mais de dois anos de atraso. Espero que gostem do tanto que gostei e fiquei feliz em reencontrar meu velho tesouro que não via talvez, há mais de 30 anos. Valeu! Abração!
OS BEATLES NUS – REVISTA VEJA 27/11/1969
Gostam mesmo é de rock, estão cada vez mais ricos, lançam um novo disco de canções suaves
John Lennon não tem medo de fumar maconha, nem de aparecer pelado junto da mulher na capa de seu novo disco, “As Duas Virgens”. Mas tem medo de que o novo album dos Beatles, um volume duplo, com 27 músicas, lançado semana passada em Londres, seja comparado – para pior – com o anterior “Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Este foi saudado como uma revolução de sons e inéditas harmonias, e o novo é feito na base de canções românticas, despretenciosas e nostálgicas. “O que fizemos nesse disco ultrapassa o anterior”, adverte Lennon, e cita os títulos das canções do novo álbum como prova de que os Beatles não pararam: “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, “Glass Onion” (Cebola de Vidro), “Everybody’s Got Something To Hide Except Me and My Monkey” (Todo mundo tem alguma coisa para esconder, menos eu e meu macaco), “Hapiness is a Warm Gun” (A felicidade é uma arma quente) ou “Why Don’t we do it in the Road” (Por que não fazemos isso na rua?). E mais: os Beatles ouvem sem parar canções de dez anos atrás e Lennon sustenta, modestamente, que “isso nós ainda não conseguimos fazer”. O novo álbum – sem título – é o primeiro dos Beatles desde “Sergeant Pepper’s” (lançado em agosto do ano passado), e nesse meio tempo o conjunto foi notado só pelos compactos e por alguns incidentes extramusicais: a prisão de Lennon e Yoko, há três meses, por fumarem maconha, a foto dos dois na capa de “As Duas Virgens” (com os críticos referindo-se mais à nudez externa do que ao disco dentro do envelope) e o fracasso do filme que fizeram para a TV inglesa, “Magical Mystery Tour”. O trabalho de agora é quase todo inspirado pela meditação que os Beatles fizeram ano passado na Índia. Há uma canção de Paul McCartney para seu cahorro e uma letra de Lennon (“Julia”) dedicada à sua mãe. Lennon diz por que foi quase tudo composto para guitarra: “Eu não conheço os acordes e por isso é mais fácil escrever para um instrumento de poucas notas”. Ele faz a autocrítica do conjunto: “Nós queríamos fazer antigamente o que fazemos hoje, mas não tínhamos experiência. Ficávamos com medo de certos acordes por que achávamos que eram comuns. Por isso a volta às origens, em “Revolution”, foi uma libertação”. E, na hora de fazer as letras, Lennon ficava engasgado “naquele di, du, di, du, dôo, da guitarra”.
Que fazer diante de tantos problemas? Lennon se explica: “Todo mundo diz que devemos fazer isso ou aquilo, mas o nosso negócio mesmo é o rock”. Ao cineasta Jean-Luc Godard (“A Chinesa”), que rodou há pouco um filme com os Rolling Stones e que acusou os Beatles de “ficarem quietos, sem denunciar a estrutura social”, Lennon respondeu com certa irritação que os Beatles já fizeram muito, inclusive uma exposição de esculturas com caixas de esmolas, envoltas em balões com a legenda “Você está aqui”. Ele, Lennon, também tem feito muito ultimamente. Adora a nova mulher e diz que sofre grande influência dela: “Nós produzimos idéias um para cima do outro, que nem o Flint”. O destino dos Beatles é ressucitar o rock? Lennon responde com voz pausada e ritmada: “Durante anos não fomos nós mesmos. Agora somos. Temos boas intenções. Somos boas pessoas. Nosso trabalho deve mostrar essa bondade. Amém.”